Hasteando as bandeiras de "não ao capitalismo e ao patriarcado!", "por aborto livre, gratuito e seguro!", "não à violência e ao assédio no trabalho!, "trabalho igual, salário igual!", "não à precarização do trabalho das mulheres!", as trabalhadoras de distintos setores, jovens universitárias, coletivos, organizações feministas, ativistas pelos direitos das mulheres e militantes pela democracia e pela revolução anticapitalista se unificaram mais uma vez na Bolívia, nas principais ruas e avenidas da sede do governo para exigir punição aos feminicidas e que a discriminação salarial, a violência e o assédio deixem de ser parte da vida laboral das mulheres.
As lutas feministas estão mudando o mundo, e, desde a perspectiva das transformações alternativas, têm capacidade de pôr em xeque o |
sistema capitalista baseado na exploração e na submissão de homens e mulheres. Lutam contra sistemas excludentes e
desumanos que vêm encarnando o poder político, como o caso de Donald Trump na primeira potência militar do mundo, Estados Unidos, Jair Bolsonaro em um Brasil submerso na profunda crise política e moral, e outros países da região e do mundo onde o fascismo avança. "Trabalho digno sem violência" e "salário igual para trabalho igual" não são só enunciados que buscam melhorar a qualidade de vida de milhões de mulheres. São também parte de uma plataforma de luta por nossos direitos, que busca derrubar as velhas e decadentes estruturas do poder patriarcal que reproduzem e naturalizam o assédio, a violência no trabalho, o estupro e o assassinato de mulheres. |
BrasilMovilizaciones por todos ladosNo Brasil, o 8 de março foi marcado por dezenas de atos em cidades grandes e pequenas de todas as regiões do país. As mulheres se mobilizaram contra Bolsonaro. A pauta central foi a recusa à Reforma da Previdência, que pretende retirar direitos das e dos trabalhadores.
As mulheres também estavam em marcha por liberdade para Lula, que hoje é um preso político no país, e por justiça para Marielle, vereadora que foi executada em março de 2018. A sociedade exige saber quem mandou matar Marielle!
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No dia 8, a Marcha Mundial das Mulheres levou às ruas sua solidariedade ao povo venezuelano, em especial às mulheres que estão na frente da resistência aos ataques do imperialismo
A Marcha Mundial das Mulheres participou da construção dos atos junto aos outros movimentos sociais e esteve presente com faixas, bandeiras e as batucadas que puxaram gritos e canções feministas, antirracistas e anticapitalistas
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Os desafios das mulheres cubanas, seus sonhos e expectativas foram debatidos durante os dias 6, 7 e 8 de março no X Congresso da Federação de Mulheres Cubanas (FMC), realizado no Palácio de Convenções de Havana.
Entre as opiniões das delegadas, se sobressai a da delegada Mariela Castro Espín, que aponta que, entre os desafios assumidos pela organização, está o de seguir com uma participação ativa dentro da sociedade. Outra aposta desse Congresso foi a de legislar com equidade e justiça de gênero, como colocou Yamila González Ferrer, integrante do Comitê Nacional da FMC, em sua intervenção: “foi imprescindível a incorporação e o trabalho com as jovens, a quem apostaram por suas novas maneiras de dizer e fazer, atualizandoo trabalho da organização aos novos tempos sem perder sua essência. |
Exemplo disso são as palavras da jovem Arisney Montero León, uma adolescente de 14 anos. Da mesma forma, a possibilidade de visibilizar todos os tipos de violência, o acesso a trabalhos não tradicionais, a incorporação das jovens ao serviço militar voluntário para se prepararem para a defesa do país são elementos que estiveram presentes nas discussões
A jovem Bertha Sánchez, jornalista da Rádio Baraguá, demarcou a importância de usar as novas tecnologias para visibilizar o trabalho da organização e o papel das mulheres cubanas dentro da sociedade, sempre a partir de uma linguagem inclusiva. A Jornada do 8 de março em Cuba homenageou Isabel Moya Richard, uma feminista e comunicadora cubana que há um ano nos abandonou fisicamente. A essa mulher, para quem o principal desafio das mulheres em Cuba era pensar que já conquistaram tudo, foi dedicado o Evento Iberoamericano de Gênero e Comunicação, do que os eventos regionais acontecem em |
março no país e cuja convocatória internacional já se encontra publicada.
Neste mesmo dia 8 de março, o Espaço Feminista Berta Cáceres voltou a ser um ponto de encontro da Rede Ética e Política do Movimento de Mulheres em Cuba. A campanha cubana de enfrentamento à violência contra as mulheres, Evoluciona, distribuiu um conjunto de cartões postais feministas direcionados a que os homens se comprometam com relações respeitosas com suas companheiras. |
Nossa primeira ação no contexto de #LaHuelgaFeministaVa foi estender, ao amanhecer do 8 de março, uma faixa com nossas palavras de ordem, cobrindo uma propaganda do capitalismo em uma avenida central da capital.
E assim como nós, muitas se mobilizaram de diferentes formas em todo o país, as estações de metrô em Santiago amanheceram com nomes de mulheres lutadoras de todos os tempos, nos bairros se falava de greve, um gesto, a cor da roupa, um abraço… se respirava cumplicidade. Muitas mulheres saíram às ruas pela primeira vez, um ato político inicial, mas sem volta. Foi um dia cheio de fatos feministas, que culminaram em marchas em mais de 70 cidades em todo o Chile.
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Nós, da MMM Santiago e MMM Fiofío, marchamos ao entardecer junto a multidões históricas nas cidades de Santiago e Concepción, e instalamos o lema da 5a ação internacional: Resistimos para viver, marchamos para transformar!
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Nosso trabalho vale!Cony Oviedo
Ser mulher e ser reconhecida como trabalhadora, ainda que pareça óbvio continua sendo uma luta diária. O 8 de março é uma data que marca a luta histórica por sermos reconhecidas. Há anos as mulheres organizadas realizam atividades e marchas no Paraguai, e com a influência de Ni una menos, se soma a internacional feminista, e no terceiro ano consecutivo se constitui em uma das maiores mobilizações do país. Esse ano, com o lema “Nós paramos. Nosso trabalho vale”, com 5 mil mulheres nas ruas de Assunção e atividades organizadas em outras 4 cidades do país.
Neste ano denunciamos como seguimos ganhando 30% menos que o salário dos homens, não são garantidos nossos direitos básicos como trabalhadoras, seguimos tendo duplas ou triplas jornadas de trabalho. No campo a ameaça constante do extrativismo expulsa, criminaliza e mata as camponesas e indígenas que seguem resistindo ao modelo neoliberal. Seguimos organizadas desde o feminismo, a única forma de derrotar o sistema patriarcal e capitalista porque a revolução será feminista. |
Região Macro Norte do Peru Mobilizado
A Marcha Mundial das Mulheres no norte do Peru se mobilizou no dia internacional das mulheres em defesa dos nossos corpos, água, terra e territórios nas regiões de Piura, Lambayeque, Cajamarca e Tarapoto, em manifestações simultâneas convocadas e preparadas de forma conjunta com organizações sociais, sindicatos, comunidades camponesas e coletivos cidadãos.
No Peru as mulheres se encontram em cenários de risco de morte em casa, na rua, no local de trabalho. Em 2018 foram registrados 149 feminicídios no país e nos três primeiros meses de 2019 foram registrados 33 feminicídios. Todos os dias nós mulheres estamos sendo violadas, violentadas, maltratadas… Nenhum lugar é seguro, meninas e jovens mulheres desaparecem a cada dia, a maioria delas vítimas do tráfico de mulheres. As mulheres trabalhadoras da agroexportação estão enfrentam condições de precariedade, semi-escravidão, sem direitos trabalhistas e sindicais. |
A agroindústria impõe condições de trabalho que colocam em risco a vida e a saúde das trabalhadoras, tanto como criminaliza as mulheres por defender a água, a terra, o território e a vida. Por isso no 8 de março as mulheres diversas da MMM MacroNorte Peru paramos e nos mobilizamos para exigir e promover transformações profundas, denunciar o modelo de morte que o patriarcado e o capitalismo racista e colonialista nos impõe. São estas as causas que geram a desigualdade e a violência que afeta as mulheres, povos e territórios.
A Marcha Mundial das Mulheres também esteve presente em Lima. O Coletivo pelos Direitos das Pessoas Idosas se mobilizou com a MMM. O Grupo Genero y Economia esteve presente na marcha do 8 de março, dando visibilidade às demandas das mulheres pelo reconhecimento de seus direitos e da contribuição de seu trabalho.
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Na Venezuela, a construção do 8 de março foi realizada durante o ataque imperialista e as ameaças de invasão ao território, as reuniões de articulação para construir um 8 de março feminista, popular e, a partir da unidade entre as diferentes expressões do feminismo venezuelano, começaram com a discussão sobre a seguinte questão: até que ponto era pertinente ou não dedicar energia e esforço ao 8 de março?
Por fim, a conclusão foi que a agenda de intervenção estadunidense e a tentativa de golpe do autoproclamado presidente Juan Guaidó não devia calar o movimento feminista. Foi assim que, na Venezuela, colocamos o desafio de visibilizar nossas lutas sem abandonar a resistência nas ruas e o golpe de Estado orquestrado entre a direita fascista, o governo estadunidense e seus aliados do Grupo de Lima e da União Europeia. A resposta para construir o equilíbrio entre a resistência anti-imperialista e a rebeldia |
feminista foi encontrada nas coisas simples e no encontro sempre revolucionário das mulheres.
Em Caracas, foi elaborado um percurso de construção pública do 8M, que começou no dia 1º de março com a atividade “Tecendo entre Mulheres e Comunidades”. A atividade, de responsabilidade direta da Aranha - MMM Venezuela e da Brigada Feminista Latino-Americana, bateu na porta de um coletivo de bordadeiras da paróquia San Juan, que receberam doações de lã da MMM Chile e de outras mulheres que estiveram no Centro Cultural La Estancia e teceram enquanto refletiam sobre os motivos para marchar no 8 de março. Entre laços e pontos, confeccionaram uma faixa de retalhos que reúne reflexões e lutas do feminismo popular. A atividade foi tão bem acolhida que as mulheres decidiram seguir tecendo por toda a semana. Nos dias seguintes foram realizados fóruns, debates e conversas que são expressos em uma declaração e o slogan Nós lutamos. (Nosotras Luchamos). |
No dia 7 de março, a Venezuela foi vítima de um ataque terrorista que afetou a geração e distribuição de energia elétrica em todo o país. O 8 de março de 2019 amanhece e o país está la incerteza, sem energia, sem meios de comunicação, sem redes, sem transporte público, mas com ruas, ruas do povo. É assim que, com base nos acordos e fiéis ao lema "nós lutamos", os coletivos e as pessoas se juntaram no ponto de encontro. Todas estávamos com a esperança de não ser as únicas.
E assim foi, já juntas e com a faixa aberta as mulheres foram à Praça Bolívar com o grito: "mulheres contra a guerra, mulheres contra o capital, mulheres contra o machismo e o capitalismo neoliberal". E resistimos, lutamos e avançamos. Na praça, lemos o comunicado preparado coletivamente e assumimos o compromisso de seguir com nossa agenda para fazer com que a revolução feminista seja irreversível. |