Gostaríamos de começar este ano dando às nossas leitoras uma perspectiva positiva, deixando os nossos votos e desejos feministas para 2020 para que compartilhem, os façam seus e os acompanhem. Que as nossas lutas sejam vitoriosas e as nossas vidas, prazerosas. Que seja cada vez maior a possibilidade de construir a utopia feminista, e que a comuna antipatriarcal se torne realidade. Que tenhamos um movimento ecofeminista forte, amplo e diverso, que reúna todas as pessoas que sonham com um planeta justo, igualitário, amoroso, baseado no prazer e não na dor, que seja amável para todo tipo de vida na Terra e que garanta o bem viver para todas as pessoas. Que os direitos sexuais e reprodutivos sejam garantidos a todas as mulheres: materializando programas integrais de educação sobre sexualidade, descriminalizando o aborto, oferecendo, a partir do Estado, métodos contraceptivos gratuitos e diversos, e impedindo a propagação de infecções sexualmente transmissíveis, atendendo às mulheres já infectadas, baixando a taxa de mortalidade materna e garantindo partos seguros. Que recordemos que a nossa luta é contra o patriarcado, e não entre as mulheres (assim, no plural, porque somos diversas). Que nosso direito ao orgasmo não esteja condicionado por preconceitos ou culpa, e que avancemos em um único feminismo: o feminismo radical e solidário, para a transformação do mundo. Que todos os direitos humanos das/os dissidentes sexuais sejam garantidos de acordo com a Declaração de Princípios de Yogyakarta. Que os Estados permaneçam laicos para que os/as legisladores/as e parlamentares possam legislar para todas/os, sem engavetar leis que poderiam contribuir para garantir o bem viver para toda a população. Que avancemos para formas de governo mais democráticas, populares e feministas, pois não conseguiremos superar o capitalismo se continuarmos a reproduzir estruturas piramidais e arquiteturas de nações eurocêntricas e burguesas. Tampouco erradicaremos a violência contra as mulheres e contra a sociedade como um todo, caso continuemos apostando em modelos culturais patriarcais. Queremos uma sociedade com melhor divisão de responsabilidade pelo trabalho doméstico e de cuidados. Desejamos um mundo sem violência machista e sem feminicídios. Pretendemos construir mais encontros feministas auto-organizados e autônomos, que nos permitam conhecer e nos reconhecer mutuamente, rever coletivamente nossas agendas, celebrar-nos em toda nossa diversidade e fortalecer os vínculos necessários para nossas lutas. Continuamos a sonhar com a justiça socialista para todas as mulheres, deixando claro que, em nossos corpos, não se toca, não se viola e não se mata. Nem uma a menos!