A equipe técnica: um espaço de aprendizagem e construção coletiva
A Escola é um espaço de aprendizado e construção em múltiplas dimensões, uma das quais é o uso de tecnologia que permite aos participantes conectar-se em um tempo e espaço virtual e desenvolver atividades coletivas. A equipe técnica é formada por militantes do Brasil, Guatemala e Cuba. As tarefas técnicas são desenvolvidas com base na reflexão política, alimentada pela experiência acumulada da Marcha Mundial das Mulheres na crítica das grandes corporações digitais e postulados como a democratização da internet e a soberania tecnológica e digital. É também um trabalho coletivo e colaborativo de organização do espaço virtual para torná-lo o mais amigável e acessível possível. Luíza Mançano, da equipe, compartilha parte de sua experiência: "enfrentamos realidades tecnológicas diferentes e graças à ação conjunta e à solidariedade podemos, por exemplo, fazer frente ao bloqueio imperialista de Cuba que impede o uso de ferramentas tecnológicas hegemônicas". De acordo com ela, a tarefa técnica "envolve alguns desafios que enfrentamos coletivamente". Por sua vez, a educadora cubana Camila Guerrero Calcines, do Centro Martin Luther King Jr em Cuba compartilha "A Escola Feminista Berta Cáceres tem sido um espaço comunicativo para mim, promovendo outras habilidades na formação junto a MMM a nível regional. Tem sido uma experiência enriquecedora na qual o conhecimento técnico tem sido aprimorado.... Em termos de capacidade de articulação, a Escola mostrou um potencial em suas lógicas de obtenção de consenso em espaços virtuais. Ferramentas de compartilhamento que tornam possível gerar habilidades nas participantes". Uma das grandes vitórias da escola é quebrar o bloqueio imposto a Cuba e dar plena participação à delegação cubana.
Uma escola em 4 idiomas: justiça lingüística
Proporcionar ao maior número possível de participantes acesso às palestras, conteúdo e materiais de apoio em seus próprios idiomas é como a Escola Feminista Berta Cáceres honra o princípio de justiça lingüística da MMM. O grupo de intérpretes está baseado no Brasil, faz parte do apoio técnico da escola e visa garantir o acesso ao conhecimento acumulado que o movimento tem no continente, e facilitar a comunicação entre regiões tão distantes geograficamente como Québec ou Argentina, ou realidades tão diversas como o Caribe francófono e o Brasil, para citar apenas um país continental. As organizadoras da escola estão conscientes de que ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar a justiça lingüística, pois há muitas línguas de nosso continente que deixamos de lado devido aos limites técnicos e materiais, favorecendo as línguas da colonização, mas asseguramos que as reflexões sobre a justiça lingüística seguirá avançando na inclusão das línguas são uma ocorrência diária dentro do movimento.