13º Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres: feminismo popular para transformar o mundo
Norma Cacho Comitê Internacional
De 6 a 12 de outubro, o 13º Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres aconteceu em Ancara, na Turquia, onde 128 militantes feministas de 65 territórios se reuniram para aprofundar reflexões fundamentais e críticas para o nosso movimento. Em meio a um contexto de múltiplas crises que colocam em risco a vida das mulheres, dos povos e das dissidências; após uma pandemia que é um reflexo e um agravamento dessas crises; em meio a um rearranjo geopolítico em nossos continentes, nos quais a direita avança; é essencial nos reunirmos de novo, presencialmente, para revitalizar nossos compromissos políticos e a indispensável solidariedade internacionalista. Os Encontros Internacionais são espaços de diálogo, debate e reflexão inter-regional, onde os acúmulos políticos das diferentes regiões que compõem o movimento são evidenciados. São também espaços para a definição política do alcance e da potência de nossas apostas políticas e articulações. São espaços democráticos de tomada de decisão, tanto em nível da estrutura do movimento quanto da ação política, que marcam os rumos do nosso movimento. A Marcha Mundial das Mulheres é, além disso, um movimento antipatriarcal e anticapitalista, profundamente anticolonial, pois estamos convencidas de que os sistemas que oprimem as vidas e os corpos das mulheres, dos povos e das dissidências se sustentam mutuamente, tornando mais lacerantes seus impactos em nossos corpos e territórios. Portanto, a solidariedade feminista internacionalista contra as guerras e as ocupações coloniais é uma de nossas bandeiras mais importantes. Precisamente nos dias em que estávamos realizando o Encontro, a ocupação e a guerra colonial de Israel contra o povo palestino intensificaram suas ofensivas militares e genocidas, cujo saldo, até o momento, é de mais de 25 mil pessoas assassinadas e milhares de pessoas feridas e desaparecidas. Em vários pontos do Encuentro, as solidariedades foram expressivas; as místicas se transformaram em denúncias vivas das ocupações coloniais e demandas por poderes populares. Não é menos importante que, tendo nitidez sobre os contextos de nossos territórios e após debates agudos e acalorados, tenhamos definido como lema e sentido de nossa 6ª Ação Internacional a frase: "Marchamos contra as guerras e o capitalismo, pelas soberanias populares e o bem viver". O lema encarna uma de nossas demandas essenciais, que se manifesta de forma contundente contra o colonialismo e pelo poder coletivo dos povos e, particularmente, das mulheres. A 6ª Ação deve ser uma demonstração de força mobilizadora, popular, articuladora e potente diante dos cenários fascistas que estamos enfrentando. Deverá ser, também, um processo permanente de formação política que nos permita fortalecer nossas construções epistêmicas como movimento global, mostrar nossas resistências anticapitalistas, antipatriarcais e anticoloniais e, acima de tudo, evidenciar as práticas já em curso de outros mundos possíveis para as mulheres e os povos. Desde o México, vemos os Encontros Internacionais como oportunidades de renovação de nossas reflexões feministas, que se alimentam de nossas próprias apostas territoriais e nos permitem contar com uma visão articuladora e global. Da mesma forma, são uma oportunidade de articular debates com companheiras de outros continentes, possibilitando que nos olhemos com sinergia, mas também identificando desafios, principalmente na articulação de processos de ação globais a partir de nossos diversos feminismos. Construir a partir da perspectiva coletiva, que, naturalmente, tem sentidos políticos no âmbito local, implica fortalecer nossas capacidades para descentralizar e enxergar outras realidades como se fossem as nossas. Essa é uma marca do internacionalismo feminista da Marcha Mundial das Mulheres.