Vivemos tempos de terríveis demandas e grandes desafios para os povos e seus movimentos sociais, tempos que caracterizamos em nossa análise como uma crise multissistêmica, em que o modelo de crescimento e acumulação de riqueza mostra seus limites e contradições. É a crise cíclica do capitalismo, que é provocada por sua incapacidade de dar respostas à humanidade capazes de garantir a vida, e pela impossibilidade de manter o que chamam de desenvolvimento sem colocar o planeta em perigo. O capitalismo patriarcal e colonialista também é a fonte das crises relacionadas ao clima, à biodiversidade, à água, à fome, à desigualdade, ao cuidado e assim por diante. Em nossas análises, detectamos que a maneira pela qual o sistema capitalista, patriarcal e colonialista resolve suas crises coloca mais pressão sobre os territórios, os corpos das mulheres e outras formas de vida. Essas pressões se manifestam por meio de guerras altamente lucrativas para as corporações transnacionais, da demonização da conquista de direitos, do aumento da violência contra nós, da tentativa de apropriação e mercantilização dos bens comuns, da maior precarização do trabalho não apenas nos territórios sob sua influência, mas também na vida dos migrantes, dos refugiados de guerras ou dos refugiados climáticos. Estamos vivenciando a tentativa de expandir as fronteiras da exploração. No mesmo sentido, em Nuestramérica, também chamada de Abya Yala, estamos vivendo fortes tensões em processos de construção de propostas de democracias soberanas. Sofremos retrocessos nas mãos do fundamentalismo religioso e das expressões de extrema direita, mas também tivemos vitórias. Propostas como as de Honduras, Cuba ou Venezuela estão sob constante ataque. A crise climática se expressa em secas que facilitam a queima de milhões de hectares de florestas nativas no sul do continente. Os únicos beneficiários dessa situação são os representantes do agronegócio. Inundações devastam vilarejos e submergem milhões de vidas humanas e não humanas sob a água, como nas enchentes vividas no Rio Grande do Sul (Brasil). Há também uma militarização ilegal ou disfarçada de legalidade internacional, como a sofrida pelo povo haitiano. Estamos resistindo a governos neoliberais como os de Milei, na Argentina, Novoa, no Equador, ou Bukele, em El Salvador, cujas barbaridades ainda conseguem nos surpreender. No entanto, apesar de tudo, nas Américas sempre tivemos a coragem e a força para continuar fazendo a disputa política. Isso é demonstrado pela variedade de espaços de encontro onde movimentos sociais e sindicais, partidos políticos de esquerda, organizações feministas e outras expressões do povo se reúnem para construir essa agenda comum que, temos certeza, mais cedo ou mais tarde nos dará a vitória definitiva. Nesse contexto, a Marcha Mundial das Mulheres assume a tarefa de aprofundar suas ações e reflexões em defesa dos bens comuns contra a voracidade das corporações transnacionais, enfrentando a violência contra as mulheres, lutando pela paz, contra as guerras e, claro, propondo o desenvolvimento da economia feminista como ferramenta para a transformação. Assim, nos preparamos para a nossa 6ª Ação Internacional e esperamos nos reunir como região no Chile no final do ano.
¡Resistimos para vivir, marchamos para transformar! We resist to live, we march to transform! Nous résistons pour vivre, nous marchons pour transformer ! Resistimos para viver, marchamos para transformar!